Wednesday, December 28, 2005

O barato de tudo isso


"Se esse seu amor
For coisa barata,
Faça-me um favor:
Pega um chinelo e mata!"
(André Gonçalves)
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-Sou uma simples barata. Procuro um barato. Não quero que seja caro, visto que assim não poderia comprá-lo. Quero que seja rico...
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Seu valor estava nos olhos
E os olhos, minha cara,
Só saíam se encontrasse
Algo que custasse
Os olhos da cara.

Tuesday, December 27, 2005

(Força da) Gravidade da situação



Às vezes a gente tem que se permitir arriscar. Apostar tudo no cassino da vida por algo que valha a pena.

Precisamos, de vez em quanto, jogar tudo para o alto e então nos jogarmos junto, esperando poder voar. Na maioria das vezes, entretanto, a queda é feia: quebramos a cara, algumas costelas, o coração...

Aí geralmente decidimos jamais tentar novamente. Apesar disso, não há como se proteger da vida. De repente, lá estamos nós, de braços abertos e pés ligeiros, prontos para saltar mais uma vez. E apesar do medo e da insegurança, pulamos. Nos entregamos ao vento que bate na cara e acaricia os cabelos. Nos colocamos à deriva do destino e nos deixamos levar. Nos deixamos cair, com um sorriso no rosto e, sobretudo, rezamos para poder vencer a resistência do ar.

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Hoje eu acordei in perfeição.

Saturday, December 24, 2005

De bobeira

"Chega de poesias", me disseram. Não entendem que é preciso escrevê-las para extravasar a sensibilidade, de forma que não se seja nem um pouco sensível ao enfrentar certos acontecimentos cotidianos.

Cara 1: Olha esse broto!
Cara 2: Até parece um repolho!
Cara 1: Mas o cabelo é um tomate...
Cara 2: Eu adoro repolho com tomate!!!

Se uma mulher quiser se sentir desejada, é só passar em frente a uma obra inacabada. Os tais trabalhadores da construção civil não deixam passar uma. Se ela, entretanto, tiver gastado todo o estoque de sensibilidade em poemas, pior para eles.
Mas que os danados são criativos, isso são!

Monday, December 12, 2005

A mãe natureza é muito safada


A vida me fez mulher
E mulher, me fiz da vida.
Vivendo vestida em cetim
Que esvoaça
E tomba, enfim,
Num antro de perdição.
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Estou perdida na vida
Perdida para vivê-la
Com anseio de ser vivida.
Vem, doce vida, e me toma
Me devora, me engole, me prova.
.
Me faz tua...
E deixa um pouco de ti, querida
À mais uma mulher da vida.
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Eu e meus versos capengas... Temos uma estranha admiração por meninas prostituídas que sonham com o príncipe encantado em um mundo belo e sujo. Disseram que sou perva, mas quem se importa?

Tuesday, December 06, 2005

Rabiscando um começo de conversa


Quando se vai fazer algo, é preciso algum tipo de preparação. Antes de viajar, se escolhe o destino, o meio de transporte, a mala a ser levada... Antes de escrever, é preciso juntar um monte de talento, assunto e paciência. Como não tenho nenhum dos três, este blog continuará mais pela persistência do que por qualquer outra coisa. Não pregam por aí que o sucesso é constituído de 90% de transpiração e apenas 10% de inspiração?
Bem, transpirar nunca é problema nesta quente cidade do nordeste brasileiro. Já a inspiração...

Crise criativa
O branco me engole e me irrita.
Rabiscos o enchem então
Com versos vazios, repletos de nada,
Senão a falta de inspiração.
.
As letras desconexas, mal rabiscadas,
Que queria jurar que não vi,
Me iludem alucinadas
Com o poema que não escrevi.