Tuesday, August 26, 2008

Prólogo de despedida

Esperar sem desespero que tudo passe. Que depois da chuva o céu ganhe um tom novo muito azul e muito bonito. Como se fizessem uma reforma e aquela nuance ainda estivesse assim meio molhada, fresca. E aí esperar de novo, para que a tinta seque, para que se possa tocar o céu sem manchar a pintura ou sujar os dedos. Esperar mesmo em meio à ânsia de se lambuzar com o celeste.

Esperar. Esperas sem silêncios. Esperas de ausências entre o ontem indefinível e o amanhã indecifrável. Esperar sem ele e por ele. Esperar com ele até que possamos partir. E guardar uma parte dele para quando parta. Dividida entre mantê-lo perto ou deixá-lo ir inteiro.

Esperar que o tempo passe no ritmo do desabrochar de sua própria paisagem interior: o céu, as cores, esperança e fé. E pedir ao amor que cuide bem dos olhos de quem não sabe ir embora sem olhar para trás.

Sunday, August 24, 2008

O amor sorriu como se soubesse, e no fundo ele sabia: nunca pude domesticar emoções.
Elas me invadem sem que eu sinta e me tomam e me rasgam e me matam um pouco.
São bichos selvagens na floresta do meu corpo.