Sunday, December 07, 2008

Wild woods

Ele chegaria assim com um ar meio noir. Trench-coat em gabardine, quase um Rick Blaine dos tempos modernos. E eu meio Ilsa meio Ingrid Bergman. Michael Curtiz guiando os nossos passos, amém.

Sei que chegaria com essa pinta de galã de filme - um clássico, produção independente, megalomania hollywoodiana, pouco importa. A cabeça cheia de sonhos e sorrisos fáceis de canto de boca. Um silêncio profundo em suas palavras; sotaque de mistério. O segredo de onde vem, para onde vai - e eu numa encruzilhada qualquer do seu destino.

Seria simples, mas astuto - alerta de perigo em luzes neon e letras garrafais. Eu o levaria para casa. Cuidado! Não se tenta adestrar um bicho indócil. Um estranho no ninho. Irreversivelmente passageiro - fugiria ao menor sinal da porta aberta. Almas indomáveis não se detém, nunca se deterão; estarão sempre de passagem.

Uma semana seria o tempo exato. Durante sete dias ele não sairia do quarto. Sete é um número perfeito, cabalístico; diria. Poucas palavras e tantos gestos. Um jeito terno do qual eu não saberia me defender. Envolvente; notas amadeiradas na medida certa. Coty wild woods abrindo a porta da frente e saindo para o mundo selvagem.

Ele deixaria um gosto amargo em minha boca e um rastro de perfume no ar. Iria embora para sempre.

2 Comments:

Blogger Luma said...

Ou, ao contrário, como a escritora astuta, fugiria ao menor sinal da porta fechada.
E melina sempre se envolvendo em teias místicas e numerologia sofisticada (ou não), pondo o sentimento direto na boca da gente, como se o pegasse com a mão e empurrasse garganta a dentro. Impossível não engolir.

7:48 AM  
Blogger Camila Costa said...

Eu acho que você é FODA!
Tudo que tenho a declarar, escreva com mais frequencia aqui moça. porque é uma delícia apegar-se as suas palavras ;D

Beeeijo ;*

9:20 AM  

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