Sunday, April 03, 2011

Uma conversa em seis tempos

P/ um alguém que desnuda poemas
com a alma [ou vice e versa], porque,
afinal, a vida é mesmo feita
de pequenos encantos

I
Persegui seus lábios a noite inteira e você me negou.
Um sorriso apenas, um pedido de desculpas.
Será possível amar o que nunca foi seu?

II
Alguém poderia ter desenhado esse mar, essa lua. Como uma obra prima, a praia se estendia aos nossos pés.
O mundo cabe num banquinho à beira mar. Mesmo? Castelo de areia. Ruir com o avançar da maré.
Estávamos condenados, meu bem, e sequer sabíamos.
Éramos um esboço. Just a sketch. Um rabisco indeciso em lápis crayon.
Sempre a iminência de ser, mas nunca passaríamos disso. Talvez suspeitássemos.
Era preciso ter vocação para a felicidade, mas isso nenhum de nós tinha.

III
Senti seus olhos sobre mim. E eu te vi alí, ao meu lado.Uma tentativa de compreender.
Quem sabe por muito tempo tenhamos nos movido cautelosos pela massa densa da proximidade.
Céus, somos tão parecidos. Ou ao menos é o que me parece depois de tantas conversas.
Eu quis te olhar nos olhos, mas não consegui.

IV
Depois ouço você falar dos seus redemoinhos, dos furacões que destroçaram sua vida.
Como pode alguém ser assim, tão dado a desatinos?
Deixa pra lá, me paga uma bebida. A noite será longa como o gole do absinto.
Me abstenho de sentir.

V
Sabe? Você me é muito cara.

VI
Eu quis te ensinar que a felicidade também vale um poema.

2 Comments:

Anonymous lucas said...

ooiiiiiiii

3:03 PM  
Blogger Roberto Tavares said...

This comment has been removed by the author.

9:02 AM  

Post a Comment

<< Home