Friday, June 08, 2012

Sem espelho, a divagar

Foi só um segundo para contemplar, em mim, aquilo que não tem nome. De costas para o espelho. Olhos abertos pra dentro. Espaço vazio que não se descreve, não se explica. Você não é o seu nome. Não é suas ocupações. Não é alto nem baixo, nem magro nem gordo. Não na precisão desse segundo. Ser sem medida. Nem melhor ou pior, apenas.

Li em algum lugar - Não somos seres materiais numa experiência espiritual. Somos seres iluminados vivendo uma experiência terrena.

Então não se acanhe. Viva, ame, dance, ria, adote uma criança, viaje, prove novos sabores, mude de endereço, brinque de ciranda, transe como se não houvesse amanhã, prepare o seu próprio jantar, cuide de um animal abandonado, escale uma montanha, escreva um poema, aprenda técnicas orientais de respiração, faça kung fu, tenha paciência, às vezes seja obsessivo e irracional, medite, arrote o alfabeto, deixe-se gargalhar. Teste seu corpo e sua mente. A vida taí pra isso, meu bem.

Não se leve tão a sério. Não me leve tão a sério. Eu não lhe levo a sério. Descubra como ser leve. Não acredito em quem não se permite dançar. Não respeito quem não sabe rir de si mesmo. Não dou bola pra gente sisuda demais. Viva como quem escreve. Invente suas próprias histórias. Leia para apreender as dos outros. Escreva para compartilhar uma parte de si mesmo que talvez nem você conheça. Ou dance um ballet, se preferir. Faça yoga. Encene uma peça. Saiba ser autor, ator e também personagem. Experimente.

São tantas possibilidades e, ao mesmo tempo, aquele momento de vazio. Que permanece. O mundo é Maya, mas dane-se. Há algo em mim que se encanta com o pôr-do-sol, com as ondas do mar, com as ruas de asfalto, com toda sorte de gente. Há algo que vibra ao ouvir uma música. Um espírito travesso que quer provar uma nova cerveja ou um novo amor. Há algo que me escapa. Que não compreendo por completo. Aquilo que me acalma quando quero ser mais carne que alma. São duas (ou não) que vão descobrindo as possibilidades uma da outra. E aí escrevem poesia.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home