Wednesday, July 18, 2012

Sob nossas asas, sobre nossas raízes


I
É um momento crucial, o da escolha: raízes ou asas? Todo homem precisa optar, em algum momento da vida: fazer da sua casa, o seu mundo; ou do mundo, a sua casa. Não tem a ver com dinheiro que possui, com as viagens que fez. É uma questão de desprendimento.

II - Ela
As pessoas-raízes gostam de conforto; prezam os laços. Cultivam os amigos da infância com um preciosismo tremendo. Se apaixonam várias vezes pela mesma pessoa. Descobrem uma novidade na jabuticabeira, que deu fruto. E saem por aí oferecendo jabuticabas a Deus e o mundo.

Pessoas-raízes são calmas. Gostam de ter controle sobre o que as cerca. Sabem que poderiam ter o mundo inteiro, mas não querem estar em qualquer outro lugar. Aquilo que é seu lhes basta. Quando viajam, são turistas. Gostam de fotografias e souvenirs. É um povo simples, que faz da leveza um dom. Pessoas-raízes parecem ter vocação pra felicidade. Vêem embaladas num sambinha bom, num ritmo de bossa. Cada um dos seus sorrisos parece uma declaração de amor. É impossível não admirar a solidez de seus passos. Amar esse tipo de gente é como deixar que ele(a) cresça em você como planta. Mesmo quando não se espera nada da semente. São delas nossa segurança, nossos risos certos, nosso coração aberto, nossa vontade de ficar. Pessoas-raízes são grandes pra dentro.

III - Ele
Do outro lado de existir, ter asas é para fortes. Pessoas-asas são impetuosas e destemidas. Não sentem vertigem. Ou sentem, mas se jogam mesmo assim. É uma gente audaciosa, que vive faminta e sedenta. Não pertencem ao chão. É um povo do céu, mas não gostam só de azul. Querem todas as cores, sem distinção ou preconceito. Intensos. São capazes de lhe oferecer um arco-íris. Voam solo, mesmo quando acompanhados. Sabem que ninguém se completa. É preciso somar. São plenos e vorazes.

Conhecem a natureza da liberdade. Seu voo não cabe numa gaiola. Se ficarem, não é porque precisam. Querem, simplesmente. Há outras possibilidades. Quando encontram alguém que compartilhe sua liberdade, vem a parceria. Não têm nostalgia. Sempre é possível reinventar o tempo. Seu amor não é sentimento. É ação que pode ser projetada em todas as direções. São deles nosso senso de aventura, nossas descobertas mais loucas, nossa nobreza de espírito. Pessoas-asas não têm amarras.

IV - Aqueles dois
OU: Você decide se é um encontro ou uma história de amor
OU: O dia em que um pássaro se apaixonou por uma flor
OU: Divagações: importa o tempo do pouso?
Foi numa segunda-feira, um dia qualquer, muito pouco romântico. Ela lia sentada num banquinho de praça. Ele passava apressado, um café latte na mão. Quando a viu, desacelerou o passo. Trocaram sorrisos. Ele sentou ao lado dela, displicente [Bossa nova e rock'n'roll]. E resolveu ficar.

3 Comments:

Blogger M.M. said...

Que Massa! Você escreve como a Bossa nova ou o rock'n'roll, reinventa um jeito bonito e marcante de falar das coisas cotidianas e do ser. Parabéns!

10:33 AM  
Anonymous diana said...

Safra boa de se contemplar por aqui nos últimos tempos...

5:54 PM  
Blogger Unknown said...

Nossa, perfeito!
Parabéns.

1:15 PM  

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