Saturday, February 04, 2012

Um dia depois

Demorei a entender seu nome, mas não esqueci. O mesmo que procurei no outro dia, sem sucesso. Era tarde, embora ainda fosse estupidamente cedo.

Não é sempre que um cara bonito e bacana aparece na sua frente e diz que te quer. Parece xaveco barato. Desnorteia. Nem falo de festas, coisa&tal. Bobagem querer transformar em texto qualquer história de uma noite, sem mais. Mas foi diferente dessa vez. O erro foi meu. Atrapalhada com as pernas e as palavras. Uma garotinha de 15. Mimada, até. Muito boba, meio cretina. Tempo sem poesia. Fazer o que?

Não acredito no que começa sem mágica. Queria dizer de novo, com menos barulho, sem montar letras com os dedos, meu nome.

Mania feia, essa, de fechar portas. Agora há um telefone inútil na agenda. E a vontade de ser tão nem aí quanto possa parecer. Até escrever aquele novo começo. Num barzinho, tomando um chopp. Vou colocar a letra maiúscula agora. Depois da primeira frase, você decide onde pontuar.

Porque você foi homem quando eu me comportei como pré-adolescente. Porque você disse que queria saber tudo ao meu respeito, mas não tenho a menor intenção de contar. Me invente. Se re-invente. Quem você quer ser comigo?

Desculpe a falta de jeito. Eu também não fazia a menor ideia de quem ser com você, daí perdi a mão, errei na dose. Acontece todo dia. Mas eu sou livre para te ligar e te convidar pra sair, por que não? Você é livre para aceitar ou recusar. Se quiser me ver, apareça. Se não, vá embora. Ou dê uma volta e surja de novo daqui a dois anos. Se eu estiver com alguém, vou ser livre pra te dizer não. Ou para dizer sim e reinventar quem sou com um outro rapaz. Viver é sem certeza, o que empolga e assusta.

Vou me fazer menos ácida. Me faça menos descrente. É sempre um prazer apresentar alguém a si mesmo. E um erro tratar as pessoas como se elas não fossem o melhor que conseguem ser. Eu não sou aquela garota tonta, embora tenha sido aquela garota tonta. Eu não sou essa garota que escreve, embora seja também essa garota que escreve. Nem mulher, filha, amiga, irmã - apesar de ser tudo isso. Sei perder as rédeas e organizar palavras. Sei perder a voz e achar caminhos. Não me veja num punhado de informações. Não quero fazer tabelas e gerar gráficos no Excel pra saber quem você é. Me descubra como música. Me dance. Eu quero dançar você mais uma vez. Ainda não aprendi o seu refrão.